Sobre os dias quentes de Inverno

Começa as seis da manhã, quando o som do mar, digo, despertador, te lembra que está na hora de ir trabalhar, compromisso, cliente, e qualidade em atendê-lo.

Você pisa no chão e percebe que sua cama é duas vezes mais quente nessa hora da madrugada. Considera voltar  pra ela encontrar alguma boa razão para poder ficar em casa. Mas a sensatez predomina. E quando você se dá conta, está babando um pouquinho, no ônibus, e o indivíduo do seu lado te olha, sem te condenar, não. Ele também baba.

Ok. Já encerrou o expediente. Mas o dia está feio, frio. Brrrr!

Não dá pra ficar sofrendo, reclamando. Você faz o seu dia. Você não aguentou seu chefe olhando pra sua nuca a manhâ inteira? Não tomou um café ruim e se deu por satisfeito? Não trabalhou sorrindo? Isso porque você é determinado, otimista. Daí chove, no caminho pra casa. Sem problemas, você tem um guarda-chuva. Um Opala tocando Racionais passa muito rápido por você, jogando água, te dando um banho.

"PUTA QUE PARIU SEU POBRE FAVELADO!" Você pensa em gritar, (mas não grita) porque você foi muito bem educado, sua mãe fez um excelente trabalho te ensinando bons modos. Pensa num mantra que um Tio Zen te ensinou. Claro, aquele sobre ser-simples-a-caminho-da-iluminação. Iluminação. Respira fundo, chega em casa, descansa. Faz do seu dia, um bom dia. Mesmo que este esteja te exigindo muito. Faça do seu dia cinza, um dia de sol.

Seu estômago agradece.